Geossítio Colina do Horto
Geossítio Colina do Horto
Geossítio Colina do Horto está a 3km da cidade de Juazeiro do Norte e compreende a estátua do Padre Cícero, o Museu Vivo do Padre Cícero, a Igreja do Senhor Bom Jesus do Horto e a trilha de acesso ao Santo Sepulcro (2.650 metros).
O Santo Sepulcro é o local onde foi enterrado um dos beatos que viveram na época do Padre Cícero e apresenta duas capelinhas, onde os romeiros acendem velas e fazem suas preces.
A Colina do Horto é o acidente geográfico mais importante do município de Juazeiro do Norte e apresenta-se localizado inteiramente na zona urbana. Oferece uma visão panorâmica, podendo-se avistar todo o Vale do Cariri e a Chapada do Araripe.
O que visitar?
- Estátua do Padre Cícero
- Igreja do Senhor Bom Jesus do Horto
- Museu Vivo do Padre Cícero
- Trilha do Santo Sepulcro
- Capela do Santo Sepulcro
- Muro da Sedição de 1914
História
Para a compreensão do Geossítio Colina do Horto deve ser considerado o processo histórico-religioso que envolve o lugar. A Colina do Horto ganhou destaque na História de Juazeiro do Norte em virtude da presença do Padre Cícero Romão Batista, maior figura política e religiosa no final do século XIX e início do século XX.
Padre Cícero protagonizou o chamado “milagre da hóstia”. Quando entregou, em 1889, o sacramento à beata Maria de Araújo, que estava presente em sua missa, segundo vários testemunhos, a hóstia, em sua boca transformou-se em sangue. Este suposto milagre causou uma forte polêmica dentro da Igreja Católica na época e tanto Maria de Araújo como Padre Cícero foram proibidos de divulgar o milagre. Apesar dessas sanções, em pouco tempo, Juazeiro do Norte atraiu uma das maiores romarias populares do Brasil. A beata Maria de Araújo e Padre Cícero ganharam fama nacional. O Padre Cícero conseguiu exercer um notável poder político local e promoveu o desenvolvimento e a emancipação de Juazeiro do Norte até a sua morte em 1934.
Hoje, a devoção pelo Padre Cícero continua a atrair anualmente centenas de milhares de romeiros de todo o Brasil, especialmente do Nordeste. A Colina do Horto, com a trilha do Santo Sepulcro, é um dos pontos de visitação mais conhecidos do Cariri.
Ali, pode ser visto, já de longe, uma monumental estátua do Padre Cícero, de 27 metros de altura, erguida em 1969, portanto 35 anos depois da morte do Padre. No Horto, encontram-se testemunhos históricos edificados, como restos de um muro de batalha, da chamada Sedição de Juazeiro, de 1914, casas e ermidas de beatos, e uma capela com edificação anexa, que atualmente serve como Museu Vivo do Padre Cícero. Neste museu, podem ser vistas cenas de vida do Padre Cícero e um grande número de “ex-votos”, ou também chamados “milagres”, que são objetos depositados pelos romeiros em virtude de um pedido ou agradecimento de uma promessa. A trilha de Santo Sepulcro é cheia de lugares considerados encantados, de pedras com atribuições mágicas e religiosas, marcadas pela outrora presença de beatos e do próprio Padre Cícero. São lembrados os preceitos ecológicos do Padre Cícero, pequenas frases de conselhos e recomendação da preservação do ecossistema da Caatinga e da floresta, através das quais o Padre Cícero se revela um pioneiro em assuntos ambientalistas.
Aspectos Geológicos
O Geossítio Colina do Horto compreende as rochas mais antigas da região do Cariri cearense, originadas no interior da Terra, há aproximadamente 650 milhões de anos. Essas rochas são o substrato das rochas sedimentares que constituem a Bacia do Araripe, tendo ainda fornecido grande parte dos seus sedimentos.
As rochas graníticas, como as que constituem o substrato rochoso do Geossítio Colina do Horto, se formam a partir do lento resfriamento do magma a alguns quilômetros de profundidade na Terra. Alcançam a superfície, ao fim de alguns milhões de anos, através dos movimentos das placas tectônicas e pela destruição, por erosão, das rochas que estavam por cima. Uma vez na superfície, estas rochas ficam expostas aos processos de erosão e alteração, dando origem aos grandes blocos de granitos, facilmente visualizados no Santo Sepulcro.
Romarias
Segundo a história local, em 1889, uma hóstia ministrada pelo padre Cícero transformou-se em sangue na boca de uma devota, que já tinha tido experiência de manifestações místicas, a Beata Maria de Araújo. O mesmo fenômeno teria se repetido durante cerca de dois anos e reforçou o movimento de pessoas que procuravam o Juazeiro por motivos religiosos. Este transformou-se em romaria e ainda hoje atrai milhares de nordestinos. Rapidamente, espalhou-se a notícia de um milagre em Juazeiro do Norte, considerada a nova “terra prometida”. Em virtude do afluxo de romarias, o lugarejo cresceu rapidamente e ultrapassou os seus vizinhos na região do Cariri.
As romarias, ainda hoje, são a maior atratividade cultural e religiosa da cidade. No calendário estão relacionadas as três maiores romarias do Juazeiro. A primeira delas é a romaria de Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade, celebrada com novena campal e procissões diversas, de caminhões, de carroças e a grande procissão do dia da festa, com presença em massa do povo. É a romaria mais antiga e tradicional da cidade, tendo se originado pela festa da Padroeira da Igreja Matriz, hoje Santuário e Basílica.
A segunda é a romaria de Finados, festejada em novembro e realizada em função da memória do fundador da cidade, Padre Cícero Romão Batista. Um dos pontos de convergência mais significativos dessa romaria é a Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em cujo interior estão sepultados os restos do Padre Cícero. Ultimamente, foi adotada a denominação de Romaria da Esperança, pela forte influência do trabalho missionário dos Franciscanos.
E a terceira, bastante comemorada, a de Nossa Senhora das Candeias, romaria que fecha o ciclo. Esta tem como ponto alto a realização da Procissão das Candeias, em homenagem à Nossa Senhora. Um extenso contingente de fiéis sai de um lugar determinado, diverso a cada ano, conduzindo tochas de luz (velas). À noite, a grande massa humana, formada por romeiros de todos os estados nordestinos e pelo povo da cidade, proporciona um bonito espetáculo de fé e luminosidade, ao som do hino que tem como verso principal “Valei-me, meu Padim Ciço e a Mãe de Deus das Candeias”. O ponto de chegada da procissão é a Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores.
Embora não estejam incluídas no ciclo das principais, também são celebradas as do ciclo natalino e aquelas do aniversário da “despedida” e do nascimento do Padre Cícero. Milhares de fiéis de todo o Nordeste, sobretudo dos Estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Paraíba e Bahia, peregrinam até Juazeiro do Norte. Famosos são os paus-de-arara, caminhões adaptados para o transporte de pessoas. Com a chegada dos romeiros, a cidade se anima e é fácil encontrar, entre outros, artistas de rua oferecendo seus versos publicados em cordéis e suas músicas gravadas em CD’s caseiros.
Juazeiro do Norte já é considerada o segundo maior centro de religiosidade popular do Brasil. Há estimativas de que cerca de dois milhões e meio de romeiros visitam a cidade a cada ano, ficando atrás apenas das romarias a Aparecida do Norte, no Estado de São Paulo. A polarização religiosa ao redor do Padre Cícero marca os setores culturais e econômicos: há três museus na cidade que tratam da história do Padre, a Casa Museu do Padre Cícero, o Museu Vivo do Padre Cícero e o que está situado no Memorial Padre Cícero. Há, ainda, várias casas de milagres, locais onde os fiéis depositam peças representativas de promessas ou milagres que acreditam ter alcançado.
Nas romarias, a variedade de comércio ambulante de santinhos, lembranças, velas e comidas, se multiplica, como também acontece com as hospedarias populares, ou ranchos para romeiros.
O Horto se tornou o lugar de maior destaque nesses movimentos, sendo mais visitado pela manhã, quando os romeiros madrugam pela Rua Caminho do Horto, em penitência. Os fiéis visitam também o Santo Sepulcro, percorrendo ao todo mais de 6km como num formigueiro humano. No caminho do Santo Sepulcro, misturam-se a fé e o espírito de penitência, com o gosto pela natureza. A multidão que sobe o Horto tem como sua atração principal a estátua do Padre Cícero e as lembranças da história do Patriarca e dos grandes desafios que Juazeiro viveu ao longo de cem anos.