Geossítio Cachoeira de Missão Velha

Geossítio Cachoeira de Missão Velha

Localizado no Sítio Cachoeira, a 3km da sede do Município de Missão Velha, este geossítio caracteriza-se por quedas d’água, com aproximadamente 12 metros de altura, formadas pelo Rio Salgado.

Este geossítio está inserido no Parque Natural Municipal da Cachoeira de Missão Velha/Bioparque (Lei nº 002/02, Lei Complementar nº 017/02) e na área do Monumento Natural Cachoeira do Rio Salgado (Decreto nº 28.506/06).

História

A história do Geossítio Cachoeira de Missão Velha é relacionada ao contexto da escassez da água no Sertão. Pois lá era um dos poucos lugares onde se podia encontrar água durante todo o ano. Como marco de grande beleza paisagística, o Geossítio costuma chamar atenção de quem passa por este ponto, e é motivo de várias lendas e estórias de encantamentos e mortes. Existem vestígios de populações indígenas, neste lugar, que remontam a tempos pré-históricos. Provavelmente serviu de lugar de cerimônias destes povos nômades que não costumavam se fixar num único ponto. Em alguma distância da cachoeira, encontram-se restos de casas de pedra que remetem a uma primeira fase de colonização do Cariri, a partir do século XVII. A Cachoeira, também é citada com ponto de encontro entre cangaceiros, os bandidos que marcaram a história do Sertão, no início do século XX.

Aspectos Geológicos

A rocha sedimentar deste geossítio é o arenito da formação Cariri, com aproximadamente 420 milhões de anos (Período Siluriano). Os sedimentos arenosos que originaram este arenito foram depositados quando a região, que corresponde hoje ao sul do Ceará, foi invadida por águas de um mar raso, antecedendo a formação da Bacia Sedimentar do Araripe.

Este arenito possui elevado interesse científico-didático, uma vez que apresenta algumas estruturas/feições típicas de rochas sedimentares, dentre elas estratificações plano-paralelas e cruzadas, icnofósseis e marmitas.

As estratificações plano-paralelas e cruzadas são originadas pela acumulação progressiva de sedimentos, no caso da Formação Cariri, areias e seixos, tendendo a formar estratos ou camadas (planas ou inclinadas), indicativas do fluxo d’água que as depositou. Estas estruturas são facilmente observadas nos blocos rochosos da Cachoeira de Missão Velha.

Também neste geossítio estão preservados icnofósseis, ou seja, estruturas interpretadas por paleontólogos como vestígios da atividade vital de antigos organismos, neste caso, invertebrados aquáticos (com aspecto vermiforme).

Finalmente, as marmitas caracterizam-se como cavidades de boca circular, escavadas pela abrasão de areia, grânulos, seixos e até blocos que giram em alta velocidade, em pontos preferenciais onde se formam redemoinhos ao longo do leito do rio. Estas feições são características de processos erosivos em rios.

A Cachoeira de Missão Velha é um dos principais elementos de destaque na paisagem desta região, bem como o vale de quase três quilômetros de extensão do Rio Salgado. Associado a este vale ocorre, ainda, um exuberante corredor de vegetação de grande porte, que adiciona a este geossítio elevado valor ambiental e ecológico.

Índios Kariris

Kariri era uma grande ramificação indígena que, nos tempos do Brasil pré-colonial, estava dispersa por quase todo o Nordeste. No sul do Ceará, próximo à Chapada do Araripe, precisamente no Vale do Cariri, desde o início da ocupação do território pelo homem branco, costuma-se dar o nome genérico de Kariri a diversos grupos indígenas que habitavam ou que vagavam pela região.

Por este motivo, o lugar ficou conhecido como terra dos Cariris, hoje Vale do Cariri. Sem dúvida, os Kariri foram os primeiros habitantes da região e lutavam frequentemente com tribos rivais pela posse das terras férteis e também das nascentes.

Pouco se sabe sobre seu modo de vida, costumes e crenças, pois não desenvolveram nenhuma escrita e foram minimamente descritos ao longo da história. O que se conhece destes nativos é proveniente de achados arqueológicos, inscrições rupestres que resistiram ao tempo e de relatos da época da colonização.

Depois da catequização, muitos dos índios perderam sua identidade etno-cultural, enquanto outros morreram de doenças trazidas pela colonização. Com o tempo, foram aos poucos se miscigenando com negros e brancos e juntamente com estes formaram a base da população da região do Cariri.