O Geopark Araripe Mundial da UNESCO, com sede em Crato – Ceará atua como estratégia de promoção
do Desenvolvimento Regional do Cariri com ênfase em Educação Ambiental, Geoconservação e
Geoturismo, liderado pela Urca/SECITECE/Governo do Ceará com a gestão compartilhada com a
comunidade alcança o território dos Municípios de Missão Velha, Barbalha, Juazeiro do Norte, Crato, Nova
Olinda e Santana do Cariri. Desde 2006 é apoiada pela UNESCO na busca por uma sociedade melhor e
mais justa, em que os direitos de igualdade e fraternidade sejam prioridade nas políticas públicas, na
iniciativa privada e no terceiro setor. Com este espírito o Geopark Araripe, através de seu Comitê
Científico, formado por pesquisadores das Instituições de Ensino Superior do Cariri vem a público se
solidarizar com todas as vítimas e parentes de vítimas da COVID-19 no Cariri, no Brasil e no Mundo.
Reconhecemos que estamos em um território diferenciado em riquezas naturais e culturais, mas, nosso
principal e mais importante patrimônio são as pessoas e as representações sociais que delas emanam, em
grande medida afetadas pelos efeitos da Pandemia que assola o mundo. É nos territórios de Geoparques
que temos exercitado a resiliência como traço marcante das lutas cotidianas, para se recuperar, resistir,
das condições desfavoráveis que assolam as populações, seja das consequências das calamidades
ambientais, da poluição ou da violência, ou ainda da incapacidade do pleno emprego ou da negação das
identidades culturais dos povos tradicionais.
Somos parte de uma Rede Global de Geoparques (GGN) que atua, neste momento, para atenuar os efeitos
da Pandemia e ajudar a planejar o futuro com mais empatia e em novas bases de desenvolvimento
sustentável, com mais investimentos em ciência, tecnologia e inovação.
A pandemia do novo coronavírus, SARS-CoV2, que causa a COVID-19, uma doença respiratória aguda que
pode variar de casos leves e assintomáticos a casos muito graves com insuficiência respiratória apresenta
letalidade variada conforme a faixa etária e condições clínicas associadas como hipertensão arterial,
diabetes, obesidades, outras doenças pulmonares entre outras comorbidades. Importante se faz destacar
que a COVID-19 pode afetar qualquer pessoa em qualquer faixa etária – todos somos suscetíveis a doença,
Geopark Araripe Mundial da UNESCO, Comitê Científico, Rua Carolino Sucupira s/n, Pimenta, Crato, CE
Comitê Científico
contudo é a população idosa e outras pessoas, homens e mulheres com co-morbidades as mais
vulneráveis para a síndrome respiratória aguda grave.
Até o momento não existe vacina nem tratamento cientificamente eficaz disponível para tratar esta
doença, sua transmissão e propagação ocorre principalmente pelo contato de pessoa para pessoa por
meio de gotículas do nariz ou da boca que se espalham quando uma pessoa com COVID-19 tosse, espirra
ou fala. Estas gotículas também podem se fixar em objetos e superfícies como mesas, maçanetas,
celulares, corrimão e qualquer pessoa pode pegar COVID-19 ao tocar nestes objetos ou superfícies e tocar
os olhos, nariz ou boca. Sendo assim o isolamento social, uso de máscaras, manter a distância de pelo
menos um metro entre as pessoas, medidas de higiene tais como lavar as mãos com água e sabão ou
passar álcool em gel, são as medidas mais eficazes de prevenção e controle da doença.
A situação atual mundial nos impõe refletir a nossa relação com a natureza. As formas com que a
humanidade tem se relacionado e pressionado os recursos naturais tem muitas vezes os levado à exaustão
e depreciação e muitas vezes a ponto da extinção de espécies e recursos naturais. Dessa relação
equivocada com a natureza emerge uma variante de um grupo de vírus conhecido que coloca em xeque
a organização social vigente no mundo. A capacidade de socialização é entendida por vários
pesquisadores como uma das chaves para o sucesso do ser humano perante a natureza já que teria
imposto ao organismo a necessidade de maior desenvolvimento sensorial para aprimorar sua capacidade
de interagir socialmente resultando em um sistema nervoso central extremamente complexo. É
imperativo entendermos que somos parte da natureza e dela dependemos. Nesse sentido, a conservação
dos recursos naturais ou geoconservação, no caso dos Geoparks, ressurge como condição de
sobrevivência humana no planeta Terra. Gaia como uma mãe zelosa nos protege nos prove, e nos ensina.
Precisamos ter a capacidade de ouvir o saber científico e reagir aos seus alertas de forma a procurar
formas mais sustentáveis de existência. Inúmeros alertas nos são dados diariamente sobre as
consequências da nossa relação não sustentável com os ecossistemas. A iminência de uma Pandemia há
décadas é relatada sem que conseguíssemos ouvir. Temos a capacidade de mudar, de inovar, de resistir
como nenhum outro organismo, mas talvez uma das maiores inovações seja olhar para as comunidades
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tradicionais e seus fazeres. Para prosperarmos precisamos ouvir, fazer de forma sustentável e fortalecer
instituições compromissadas com ideais sustentáveis.
A existência de um polo científico-educacional na região do Cariri, sul do estado do Ceará, composto por
Instituições de Ensino Superior (IES) públicas como: a Universidade Regional do Cariri (URCA), a
Universidade Federal do Cariri (UFCA), os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE); e privadas como: a Faculdade Paraíso do Ceará (FAP), e o Centro Universitário Leão Sampaio
(UNILEÃO) promove os meios para que tais instituições possam cumprir sua função social como produtora
de conhecimento e instrumentaliza os sujeitos para o enfrentamento de todas as vicissitudes
socioeconômicas, de autoritarismo político e, nesse momento específico, que tangenciam o
enfrentamento da maior pandemia dos últimos 100 anos. As IES presentes no território do Araripe
Geopark Mundial da UNESCO, com sua gama de cursos de graduação e pós-graduação, têm criado
condições concretas para a melhoria das condições de vida, de maneira direta ou indireta, dos atores
presentes no território.
A pandemia de Covid-19 se apresenta como um dos grandes desafios do século XXI. Para vencermos esta
doença é necessário reduzir ao máximo o número de pessoas infectadas, acreditar nas recomendações
da ciência e entender que mais que uma crise sanitária estamos passando por uma crise social grave, com
o avanço da doença aos grandes aglomerados populacionais com sua disseminação nas periferias das
grandes cidades e interiorização do vírus, o que demanda medidas urgentes de proteção social, haja vista
o número de óbitos cada vez maior nas periferias, demonstrando as desigualdades sociais e repercussões
ecológicas e sociais associada a esta pandemia. Portanto é necessário respeitarmos as medidas de
isolamento e distanciamento social para se evitar a propagação da doença.
Como consequência desta pandemia mundial, o mundo está entrando no que se intitula o “NOVO
NORMAL”, realidade já presente nos países que estão retomando as suas atividades. O cenário pode ser
criado, mas não tido como certo, porque cada país, cada região tem suas características que irão
determinar as diferenças. Surgem nestes cenários novas empresas, trabalhadores, líderes e a resiliência
será a marca desta retomada. Nesta situação, a comunicação e a cadeia produtiva de todos os setores
precisam ser modificadas. Reuniões, compras e trabalho por internet estão ensinando como se reduz
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deslocamentos, tempo e a poluição por gases tóxicos. Indústrias estão reduzindo o ritmo de produção,
otimizando seus processos para uma melhor utilização da sua capacidade instalada.
A vulnerabilidade da cadeia produtiva neste mundo em pandemia ficou evidente, quando percebemos
que a dependência de um mercado como a China é prejudicial ao sistema. Os fornecedores deverão estar
mais próximos geograficamente, até porque para proteger as suas economias haverá barreiras de
importação em todo o mundo. Podemos aí imaginar um cenário em que os produtores locais poderão ter
a sua vez, permitindo o desenvolvimento da região onde estão inseridos e modificando realidades. Para
estas mudanças, o conhecimento será necessário e ele está nas universidades que precisam repensar seus
cursos longos com grades fixas e permitir que as empresas estejam dentro do processo ajudando a formar
os novos profissionais. O Geopark Araripe junto com a URCA pode contribuir por meio de seus parceiros
para auxiliar neste novo momento aos produtores locais, micro, pequenos e médios empresários que
precisam de conhecimento para entrar neste novo mercado e recuperar a economia local no pós-covid.
Nós do Geopark Araripe Mundial da UNESCO, por isso, nos manifestamos a favor do isolamento social
como a forma mais eficaz até a presente data de prevenção ao novo coronavírus. É fato que o mundo vive
uma crise sanitária e social que põe a prova os sistemas de saúde de todo o planeta, também é fato o
consenso entre epidemiologistas, imunologistas, virologistas, infectologistas do mundo inteiro, incluindo
as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) que a melhor forma de prevenção e controle da
Covid-19 seja o isolamento social acompanhado de medidas de higiene.
Comitê Científico do Geopark Araripe Mundial da UNESCO aos 20 de junho de 2020